O MEDO
DE TER CORAGEM OU A CORAGEM DE TER MEDO?
Eleição
par Reitor na UFRPE: Tudo, agora, passou a eleição de favores, de presentes, de
vale tudo de tudo. Menos de ética, moral e meritocracia.
Pelo
professor Ademir Ferraz.
Posso afirmar porque participei de
todas elas que, nunca houve um motivo sequer que pudesse provoca qualquer
desconfiança no resultado e mesmo sobre o decorrer de uma eleição na UFRPE. Ao
contrário da eleição presidida por uma pessoa que se mostrou amoral, cretina e
sem um pingo de ética, plantada pelo que há de mais podre dentro da UFRPE e com
poder acima do Conselho Universitário que, diga-se, com as exceções de praxe,
não é um conselho. É, como disse o professor MSC, PHD, Alexandre José Gonçalves
de Medeiros, um bando de lagartixas – primeira versão setembro/2011.
Todas minhas palavras são
provenientes da necessidade de responder mensagens e informações “in off” de
fontes fidedignas que, nestes dois últimos anos, entopem minha caixa. Existem
dois motivos para isso. Um que as pessoas estavam aguardando os primeiros anos
de gestão, outro a “não disposição” de fazer a crítica direta. Isso será
entendido no decorrer da leitura. Já vivi coisas sem volta em minha vida por
não dá atenção para ameaça e não costumo errar duas vezes sobre a mesma
questão. O tratamento na primeira pessoa do singular, aqui, tem o objetivo de
deixar claro que o problema é meu, é comigo, é com ADEMIR FERRAZ.
A ideia de que “lancei” uma
candidatura contra a professora Maria José Sena é fruto de um desarranjo
mental, da malevolência inconsequente de quem não tem moral sequer para
pronuncia meu nome. Ideia de um energúmeno capaz de mandar derrubar árvore
dentro da instituição sobre os olhares complacentes do reitorado e, pior ainda,
dos que se autodenominam protetores do verde; defensores da natureza; grupo
verde, ou seja lá que denominação se dê a este grupo panfletário, medíocre e
inútil.
O fato real e concreto sobre a
candidatura por mim “lançada” é que: Em primeiro lugar o candidato saiu de uma
construção de perfil feita por um razoável número de pessoas ao logo de dois
anos puxada, inicialmente por mim; Em segundo lugar, quando pensei na
comunidade ter uma opção a uma candidatura ao reitorado, o Reitor nem mesmo
havia ventilado qualquer nome para sua sucessão. Espero que, pelo menos agora,
seja bastante honesto para confirmar o que me respondeu: “Não, Ademir. A
eleição está muito longe. Não sei se vou lançar uma candidatura”. Aos risos, à
época, nós dois comentávamos sobre a inconveniência de candidato único conforme
havia sido o caso na última eleição. LIMPA, diga-se.
O plantar de ódios, a tentativa de
envenenar a professora Maria José e seu stafe contra minha pessoa, foi e está
sendo fomentada por mentes medíocres. No dizer de Einstein, “os grandes
espíritos sempre sofreram oposição violenta das mentes medíocres porque estas
últimas não conseguem entender o motivo pelo qual as grandes mentes avaliam os
conceitos e usam a inteligência com coragem”. As primeiras são mentes podres de
criaturas balofas, fisiologistas e golpistas. Além de ser fruto de uma história
antiga não digerida, embute a ideia do medo, do fazer-me medo e, quem sabe, de
me ver, de fato, perseguido. E isso conseguiram.
O temor imaginado para mim, vai na
contramão de uma questão que carece ser bem avaliada. É que o mito de Prometeu
“é um caso interessante de como o arriscando pode ser prudente”. Medos, como
sabemos todos, dão sustentação a dependências desnecessárias. Não é puro acaso
que “reis” temem o fim do medo que vem, na situação específica, da ignorância;
Não por acaso a coragem de ter medo suplanta, no meu caso, o medo de ter
coragem; suplanta o medo de não ser cidadão; suplanta o medo de se fazer ouvir
e de ser ver agir.
Assim como nunca me movi pelas
benesses de um candidato eleito, em nenhum momento tive preocupação se a
vitória deste ou daquele Reitor viria a servir para o eleito me perseguir.
Estive no cerne de todas as campanhas. Perdi três e “ganhei” duas. As duas
ganhas os “inteligentes” deitaram a perder. O que, além de ter sido muito
importante para a UFRPE, um paradoxo, unindo-se ao que ocorreu na última
eleição, levanta-me a suspeita de que as eleições para Reitor deveriam mudar de
forma. Tudo, agora, passou a eleição de favores, de presentes, de vale tudo de
tudo. Menos de ética, moral e meritocracia.
O
que importa é a preocupação de como terminamos nossa vida sem que isso venha a
ser refletida no ato de baixar a cabeça por medo do futuro.
A retaliação deste ou daquele
reitorado é uma questão que nunca me importou. Nunca percebi clima para isso.
Nunca estive preocupado! Embora, na atual gestão meu processo de progressão
tenha chegado há um ano (são três meses) o que pode ser indícios, embora o débito
que a Universidade tinha comigo na progressão anterior, ao invés de pago em
folha à parte, vai ser pago na folha comum, sem correção e, ainda mais, com o
acréscimo do IRPF. O que me fará entra na justiça. E isso nunca foi necessário
com ninguém, embora todos os colegas que entraram com pedido depois do meu, já
tenham sido promovidos! Mas eu tenho
“troco” muito grande para dá. E já comecei. Claro que para um professor comum
se defender do poder constituído é muito difícil. Requer dinheiro ou um grupo
com os mesmos ideais. O que só existe nos porões. Mas, também, é claro que não
sou um professor comum. Isso do ponto de vista político e de atitudes pessoais.
O que importa é a preocupação de como terminamos nossa vida sem que isso venha
a ser refletida no ato de baixar a cabeça por medo do futuro. Aqui na terra
tenho apenas um medo: O do castigo de Deus.
Se durante todas estas eleições uma
coisa me preocupou, foi a falta de indignação quando do fraga do plágio. Isso
foi muito maior que o uso abusivo do poder contra a candidatura na qual estive
envolvido. Mesmo este crime que a comunidade da UFRPE, que continuo a apostar
não ser a maioria uma vez que houve fortes indícios de eleição fraudada, não repercutiu
na forma necessária. Claro que muita
gente esperou uma renúncia. Eu inclusive. Não havendo, esperei, com o passar do
tempo, uma carta que chamei de “expiação da culpa” onde a Reitora explicaria:
1 - Quanto
se gastou;
2 - A
quem foi pago;
3 - E
porque não processou a assessoria.
Com isso evitaria que as más línguas
levantassem dúvidas pelos corredores. Dúvidas como: Será que ela (a pró-reitora
ficou com parte do dinheiro?); Será que a tal assessoria estava recebendo
indevidamente? E coisas piores. O tempo de expiar a culpa já passou, e nem foi necessário
construir uma resposta para eleição seguinte até porque não houve outra
candidatura: O Medo fez muito medo. Escrevi um texto, imediatamente a posse dos
pró-reitores, e chamei “Dança das Cadeiras”. Pensei que ocorreria bem
mais tarde, ocorreu antes. Pelo menos 5 pessoas saíram de seus cargos ao
perceberem que não valia a pena.
A expiação da culpa teria sido
importante. É salutar lembrar que tal ação perpetrada por um aluno, um plágio,
não só o reprova, mas se levado aos tribunais, como já aconteceu, este não mais
frequenta nenhuma universidade pública, não mais tem acesso a concurso público
sem um mandado. Diz a Juíza Andréa Gonçalves Duarte:
[...
o meio de informação (internet) não torna a obra anônima e nem retira do seu
autor o direito sobre a mesma... O que a lei protege é a livre disposição da
obra pelo autor, que tem o arbítrio de autorizar ou não sua reprodução, uma
frase copiada sem a devida citação é plagio e plágio é crime.
Pensei conhecer alguns colegas. Mas
qual não foi a surpresa ao vê-los sustentar tudo! A contribuir com tudo, a
trocar a dignidade, o nome que tinham na comunidade? Fica a convicção que para muitas pessoas,
ética e moral, dignidade e respeito tem hora. A hora, agora, é de olhar de
lado, de relevar o irrelevante, de dizer: Ás favas os escrúpulos, com o disse
Jarbas passarinho quando do AI5, pior instrumento da Ditadura. Às favas, porque
ganhamos as eleições.
A UFRPE foi maculada daquela feira e
continua maculada, pois a mácula não foi apenas um processo eleitoral dirigido
pelo autoritarismo em prol de uma candidatura e onde tivemos: Negação de
direito por parte de uma torcedora (não de Presidente de comissão); por parte
de torcedor (não de um Reitor); por parte de uma manada “dócil” (não de um
Conselho Universitário). Este último chega ao extremo de aprovar algo que não
viu! Esta, quem sabe, é a vergonha da vergonha da vergonha. A mácula está na
continuidade do plagio que não teve explicação.
Finalmente, amanhã, tenha esta
convicção, se o possível e provável novo reitorado cair em miséria, serão estes
os algozes, pois que são movidos pela conveniência o que, diga-se, é
irresponsabilidade. Ainda temos tempo de nos levantarmos, não para derrubar
ninguém, mas para decidirmos entre “O Medo de ter Coragem e a Coragem de ter
Medo”.
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