HOMOFOBIA E HETEROFOBIA: OS LADOS DE UMA MOEDA VERGONHOSA.
CARTA ABERTA À COMUNIDADE DA UFMA
O
ensino das ciências nos põe, nos dias de hoje, inúmeros questionamentos. No
entanto falemos tão e somente do aspecto METODOLOGIA. Para uma compreensão
clara sem a tão buscada hermenêutica de alguns colegas no sentido de sentirem-se
donos do saber, expliquemos algo que o “politicamente correto”, um dos males para
quem busca a verdade, quer esconder: A ciência Matemática e a mais difícil das
ciências. Logo, um curso de matemática é muito mais difícil que outro curso em
mesmo nível.
Mas
de onde vem esta afirmativa? Esta afirmativa advém, incialmente, da filosofia
kantiana. Kant dizia: “a essência de uma coisa é a própria coisa”. Assim se retiramos
a essência de uma coisa ela deixara de ser aquela coisa. A essência de qualquer
ciência são os objetos com os quais o cientista tem de trabalhar. No caso da
matemática os objetos são abstratos e, portanto, a essência é abstrata. Isso
difere totalmente das demais ciências por uma questão singela: Os sentidos humanos
naturais não se relacionam com o objeto.
Deriva
desta questão uma pergunta posta por Duval (2004). Pergunta o teórico como é
que se pode aprender matemática se não temos acesso ao objeto? A resposta nos é
dada pelo próprio Duval (2003, 2004). Somente podemos ter acesso ao objeto matemático
através de, pelo menos duas representações do objeto, estas representações têm
de ser buscadas em sistemas semióticos distintos e guardar características do
objeto.
Está
aí o motivo de a matemática ser muito mais difícil do que as demais ciências.
Porém, ser mais difícil não significa ser mais importante, embora, no caso,
seja. A matemática só é menos importante que a Filosofia. E isso não é do verbo
querer, é do verbo ser. Entretanto que comunicação queremos fazer com esta
carta? Qual seu objeto? Qual a necessidade?
Estas
questões respondemos nos voltando para a disciplina de física I ministrada no
curso de Engenharia Agrícola da UFMA. Tivemos acesso, por conta de acusação de
homofobia de um aluno para com um colega docente, às Verificações de
Aprendizagem proposta pelo colega de cátedra. Indiferentemente do verbo querer
ou gostar, estamos no verbo ser. E as provas, além de fugirem da proposta do
PPI da instituição também fogem da proposta do PPC. Ensinar, ou, melhor
dizendo, apresentar para os alunos um curso de física sem conteúdo matemático não
é correto nem mesmo na Educação Física.
O que me faz
lembrar um colega de minha universidade que falava em DESMATEMATIZAR A FÍSICA
ao que os demais colegas respondiam: vai para o departamento de Educação
Física. Portanto, se um aluno cobra melhor nível nas aulas de Física I em
virtude do professor fugir da matemática, este aluno deveria receber as
horarias da Universidade. O fato de um percentual, hoje estimado em 80%, de
alunos se postarem contra um colega que quer saber mais, encontrar alguém que
saiba mais, no dizer de Vygotsky, é absolutamente comum na Universidade brasileira
que vem em decadência desde a década de 90.
Uma
realidade da qual ninguém pode fugir: Os alunos entram mal preparado na
Universidade e de lá saem mal preparados. Uma prova de cálculo diferencial de
nossa época de estudante, colocada, conforme fizemos em nossa turma de calculo
IV, teve como maior nota 2,5! E não, não é um caso isolado. Todos os
professores da área de matemática, a nosso pedido, fizeram o mesmo e o
resultado não foi diferente.
Onde
devemos buscar esta queda de qualidade? Primeiro no abandono, pelos governos,
do ensino fundamental e médio. Segundo pela promiscuidade acadêmica entre
professore e alunos particularmente em universidades onde, por conta de
eleições, o DCE é quem prepondera. Este absurdo se vem alastrando e parte,
conforme diz Pondé, da área de humanas. E, logo-logo, os professores é que farão
as provas elaboradas pelos alunos. Uma das inversões de valores proporcionada
pelo “politicamente correto” que trás consigo a praga de homofobia ser,
inclusive, aquilo que se pensa! Entretanto heterofobia, diz a LGBT: Não existe.
Aproveitamos
este gancho a fim de observar a situação do aluno Cristiano Costa Maia.
Acompanhamos de modo o mais profundo possível, e nem necessitava, pois, em uma instituição
onde o DCE “delibera” o que deve ser feito com um aluno, o fim do mundo já
passou. Por outro lado a postura do Meritíssimo Senhor Juiz não é digna de crítica
pelo simples fato do mesmo perguntar se o aluno mencionado se achava com
capacidade de questionar a metodologia do professor. Não é condenável porque o meritíssimo
não tem obrigação de saber da evolução da construção do saber. O aluno tem sim
capacidade para questionar a metodologia. Um exemplo simples: Um curso de
biologia, de matemática, de física, etc., onde o professor não utiliza as novas
tecnologias ou, tecnologias atuais como quer Pierre Levy, não só é equivocada
como prejudicial.
Mas, com todo
respeito ao meritíssimo, é condenável o tom, ao meu sentir, ameaçador com o
qual ele dirigiu a pergunta ao aluno. A maioria absoluta das pessoas tem medo
de juiz por um motivo muito simples: Políticos acham que são Deus, Juiz não tem
esta dúvida. É possível ver
nos autos que a Universidade delegou ao DCE o poder de incriminar o aluno. Isso
é óbvio e evidente, como, também, é possível ver que a homofobia praticada pelo
aluno, só é homofobia por uma questão de moda: O Politicamente Correto.
A
LGBT diz, depois do lançamento do nosso livro, que heterofobia não existe. Quando,
na realidade, o emprego do termo homofobia que está posto nos autos é
absolutamente equivocado enquanto análise. Ora, o que é homofobia lexicamente?
Homo = homem, mulher. Fobia = medo irracional, ojeriza, etc. Então, homofobia é
medo do homem, e medo da mulher! Absurdo. Lexicamente heterofobia: hétero (pessoas
que mantem relações sexuais apenas com o sexo oposto), fobia = horror, medo irracional.
Então em heterofobia cabe, sem verbo querer, mas com verbo ser: ódio aos
heterossexuais.
É
muito triste ver uma universidade que, certamente, considera as prisões no
Brasil verdadeiro inferno, fábrica de bandidos, desobediente aos direitos
humanos, repetimos: É muito triste ver esta universidade, querendo jogar um
jovem atrás das grades que ela mesma repudia por algo, que se for atitude homofobia,
o que é diferente de ser homofóbico, teria como desfecho uma suspensão no
aluno. O próprio professor, para ser o educador que pretende, não deveria
ajuizar a questão onde o fez, pois, assim, por má fé ou por ignorância, não deu
outra opção ao juiz que não a decisão deseducadora de prisão!
Espero
que este colega reflita, entenda que cabe ao educador: primeiro educar, segundo
educar, terceiro educar e, quando isso falhar, chamar a justiça para punir. Fui
rotulado de homofóbico por questões políticas, mas sai vencedor em todas as
instâncias porque além da estrutura acadêmica, tenho uma estrutura pessoal e
familiar que não se abalam. Lutei contra Reitora, Sindicato, Comissão “impropria”
de investigação, Procurador da UFRPE e o natimorto DCE. Venci. Minha luta não
acaba enquanto não aprenderem que os homossexuais não são os mesmos. Existem
três tipos base de homossexual: Heterófilo, Heterófobo e Simpatizante. O
primeiro e o último grupo possuem o sexo psicológico em equilíbrio, vivem
felizes com sua condição de homossexualidade e, por isso, não agridem nem são
agredidos, e os heterófobos que possuem o sexo psicológico em desequilíbrio e,
por isso, são agressivos, descontrolados, violentos, tão doentes quantos os
homofóbicos. Em fim, homofobia e heterofobia são os lados de uma moeda vergonhosa.
Professor Ademir Gomes Ferraz